Campeão de motocross é preso por envolvimento em esquema de extorsão e receptação no Acre e Bolívia
Riderson Rocha é apontado como o responsável por receber veículos roubados, ligar para as vítimas e exigir dinheiro pelo resgate do veículo. Em áudio divulgado pela Polícia Civil, piloto explica como funcionava o esquema.
O piloto de motocross Riderson Rocha, de 32 anos, foi preso na manhã
desta terça-feira (31) por envolvimento em um esquema de extorsão e
receptação praticado em cidades do Acre e na Bolívia, país vizinho. Os
veículos roubados, segundo a Polícia Civil, eram repassados para Rocha,
que tentava vender na Bolívia e quando não conseguia, negociava com as
próprias vítimas.
Outras duas pessoas, que seriam comparsas dele, foram conduzidas à
delegacia para prestar esclarecimentos. Rocha é um dos principais
competidores de motocross do Acre. Ele ganhou o Campeonato Acreano de
Motocross em 2016. Em julho deste ano, o piloto venceu a 2ª etapa do Acreano de Motocross.
Ao G1,
um dos organizadores do Campeonato de Motocross no Acre, Alexsander
Souza, falou que Rocha é um competidor independente e não tem
envolvimento com a organização. Ele explicou que ainda não se encontrou
com os demais organizadores para decidir como vai ficar a situação do
piloto.
"Ele não faz parte da organização, é um piloto independente. Já foi
várias vezes campeão, como piloto é bom. Já ganhou em Rondônia e outras
cidades. Não sentamos ainda. Estou sabendo agora. Não sei se vai receber
alguma punição", explicou.
A investigação começou há cerca de dois meses pela Delegacia
Especializada em Combate ao Crime Organizado (Deccore) e o Departamento
de Inteligência da Polícia Civil. Os delegados Alcino Souza e Sérgio
Lopes explicaram como funcionava o esquema.
"Hoje o Riderson Rocha, que para nós é um dos principais negociadores, é
uma pessoa que 24 horas depois do roubo do veículo começava a mandar
fotografias do carro e cobrava valores da própria vítima", explicou o
delegado Alcino Souza.
Em um áudio divulgado pela polícia, Rocha fala para uma das vítimas que
tem diversos contatos na Bolívia e esse não é o primeiro carro que ele
recupera. Revela na conversa o caso de uma caminhonete Triton roubada e
que não foi negociada e nem desmontada devido o veículo não ser traçado.
“Os caras pediram nela R$ 15 mil, ou seja, não está recuperando o carro
tem que comprar de novo. O cara pagou R$ 15 mil nela e se fosse
traçada, eles pagariam até R$ 25 mil. Recuperei uma Hilux roubada na
estrada de Xapuri [interior do Acre] esses dias e gastei R$ 20 mil para
pegar de volta”, fala no áudio.
A polícia apreendeu na casa do piloto duas motos, sendo uma delas já
desmontada, e dois carros. Ele teve a prisão preventiva decretada por
meio de um mandado judicial e deve ser encaminhado ao presídio. A
Polícia Civil investiga ainda a participação de pessoas de outros
estados brasileiros no esquema.
"Esses veículos apreendidos foram levados para perícia para constatar
eventuais irregularidades. Os indivíduos conduzidos coercitivamente
serão interrogados e liberados. O Riderson vai ser interrogado e
conduzido ao presídio local. Sabemos que é uma quadrilha grande, mas
precisamos identificar outros indivíduos. No áudio que o Riderson manda
para uma das vítimas, ele admite que já vinha fazendo isso há um certo
tempo", disse o delegado Sérgio Lopes.
O caso da caminhonete citado pelo piloto no áudio é de um roubo
praticado em Rio Branco. Sgundo as investigações, os bandidos roubaram o
veículo porque não conseguiram roubar uma quantia de R$ 15 mil que a
vítima receberia. Na hora de negociar o resgate do carro, Rocha pediu o
valor que seria roubado.
"O próprio Riderson faz as vias de negociador, vai até a penitenciária
do lado boliviano, negocia com compradores e fala para as vítimas para
poder pagar e resgatar o veículo. Tinham uma informação privilegiada dos
R$ 15 mil. Não conseguiram roubar o dinheiro, então, pegaram a
caminhonete, negociaram e pediram os mesmos R$ 15 mil", explicou o
delegado Alcino.
Fonte: G1
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