Autônoma lucra até R$ 1,2 mil por mês com aluguel de roupas para mulheres barradas em presídio no AC
Peças são alugadas por R$ 3. Deuza Cândido também guarda volumes e vende camisinhas para visitantes do presídio Francisco d'Oliveira Conde, em Rio Branco.
Quem passa em frente ao complexo prisional Francisco d’Oliveira Conde
(FOC), em Rio Branco, quase não consegue enxergar a autônoma Deuzina
Cândido, de 59 anos, que fica sentada em uma cadeira dentro do pequeno
comércio montado na frente do presídio. Deuza, como é conhecida, aluga
roupas há 19 anos para mulheres que são barradas na unidade, por se
vestirem de modo 'inapropriado', no dia da visita íntima. Para ajudar a
clientela, Deuza improvisou até um provador com um lençol.
“Não pode entrar com roupa preta, curta ou que tenha algum metal. Tem
uns plantões que não deixam entrar de camiseta, outros já deixam. Jeans
também não entra, tem que ser de legging. Alugo sandálias, bermudas,
vestidos, saias, blusas. Qualquer peça sai por R$ 3”, explica Deuza.
Mas nem só do aluguel das roupas vive Deusa. No espaço, ela também
guarda volumes, vende camisinhas, bebidas e alimentos para as
visitantes. A comerciante conta que guarda bolsas por R$ 2 e quando tem
capacete o valor sobe para R$ 3. Ela diz faturar R$ 300 por semana nos
três dias que vai para o comércio.
"No começo entravam de roupa de banho, aqueles tops. Mas, quando começou
a tirar a carteira [de visitação] não podia mais entrar com o shortinho
curto aparecendo a polpa da bunda. Como eu moro aqui perto, mandava meu
menino ir em casa de bicicleta trazer roupas", comenta.
Por mês, Deuza diz ganhar até R$ 1,2 mil com a atividade. Ela conta que
conseguiu pagar o terreno e iniciar construção a casa, que fica perto
do presídio. "Consegui pagar a terra que moro hoje, estamos fazendo uma
casinha, mas está melhor que antes. As roupas são minhas, lavo toda
semana e trago em uma sacola fechada para não pegar poeira", diz.
Procurado pela reportagem, o Instituto de Administração Penitenciária
do Acre (Iapen-AC) informou que não existe uma norma que proíba a
entrada de visitantes com roupas curtas. Mas, ressaltou que é
recomendável que as mulheres evitem visitar os companheiros com roupas
pretas, curtas e jeans.
Fonte: G1
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